Hemocentro de Goiás realiza pesquisa sobre plasma de pacientes que tiveram Covid-19

(19/06/2020) O Hemocentro de Goiás, sob orientação da Secretaria de Estado da Saúde, inicia nesta semana a coleta de plasma convalescente para um projeto de pesquisa sobre a COVID-19, aprovado pela Comissão Nacional de Ética e Pesquisa (Conep). É o primeiro estudo do gênero realizado em instituições do Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado de Goiás. Aproximadamente cem pessoas curadas de Covid-19 terão seu plasma coletado para avaliar o desenvolvimento de anticorpos contra o vírus. Um outro estudo, ainda em fase de análise na Conep, prevê a aplicação deste plasma no tratamento de pacientes da doença em estado grave.

Capitaneado pela hematologista do Hemocentro Coordenador, Maria do Rosário Ferraz Roberti, pela diretora médica da Hemorrede Pública de Goiás, Alexandra Vilela Gonçalves, e pelo pneumologista Marcelo Rabahi, coordenador de Ensino e Pesquisa do Instituto de Desenvolvimento Tecnológico e Humano (Idtech), organização social responsável pela administração do Hemocentro, o projeto conta com a participação de 12 profissionais da saúde das mais diversas áreas de atuação. A pesquisa foi elaborada tendo como base estudos que demonstraram benefício desta forma de tratamento em infecções virais graves, sejam na pandemia de H1N1 e na atual pandemia de Covid-19. Os estudos levantam a hipótese que a administração de plasma convalescente contendo anticorpo neutralizante contra o vírus possa trazer uma recuperação mais rápida no estado clínico dos pacientes. No entanto, ainda é uma modalidade de tratamento que requer comprovação científica de sua real eficácia.

Segundo Rabahi, o estudo tem como uma de suas características principais o fato dele ter sido elaborado regionalmente. “É uma pesquisa em que o centro coordenador, o projeto, o conceito e o desenho foram todos desenvolvidos dentro do Hemocentro de Goiás e, com isso, nós podemos fazer uma avaliação com a nossa realidade. Isso não é parte de um estudo que está sendo coordenado por outros locais.”

O outro projeto prevê que o material seja oferecido para pacientes internados, com formas graves, no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG) e na Maternidade Municipal Célia Câmara (HMMCC), unidades referência no atendimento de pacientes com Covid-19, além do Hospital Estadual Dr. Alberto Rassi (HGG), caso tenha algum paciente internado com a doença na unidade.

Reconhecimento acadêmico
Outro ponto citado pelo pneumologista é o respaldo das pesquisas na comunidade científica, já que os estudos de análise do plasma serão avaliados pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) tanto para aprovação quanto para os resultados finais. “Tem um respaldo em relação ao desenho do estudo, aos critérios de elegibilidade do paciente, à frequência e tempo de administração do plasma, à definição dos parâmetros que nós vamos avaliar na resposta do tratamento, ao que eu tenho que esperar que o uso do plasma vai melhorar (a situação do paciente), aos eventos adversos.” Esse acompanhamento, pontua Rabahi, garante uma melhor aplicabilidade do processo. “Tudo isso é muito importante que seja analisado para que a comunidade médica não possa incorrer em erros ou em equívocos na utilização de qualquer tecnologia nova frente a essa pandemia. É certo que há uma busca, frenética até, por novas oportunidades de tratamento, mas nós não podemos perder de vista que uma das principais recomendações continua sendo, primeiro, não causar mal ao paciente.”

Doadores
A diretora médica do Hemocentro, Alexandra Vilela Gonçalves, ressalta a importância de órgãos públicos de saúde investirem em projetos de pesquisa. “O Hemocentro entende que é papel das instituições médicas participar de pesquisas para novos tratamentos contra a infecção causada pelo coronavírus. Com isto, foi formulado um projeto de pesquisa para avaliar a eficácia da infusão de plasma de pacientes que tiverem e se recuperaram da infecção em doentes com formas mais graves.” Além disso, solicita que a população participe da iniciativa. “A participação neste projeto de pesquisa e assistência poderá ajudar muito a ciência em conhecer a importância da infusão de plasma para o controle de infecções”. Alexandra pontua que os critérios de doação são que a pessoa tenha idade entre 18 a 60 anos; peso igual ou acima de 65 Kg; no caso do sexo feminino, é necessário que não tenha gestações prévias; além de ter sido diagnosticado com infecção por coronavírus e estar sem sintomas há mais de 14 dias. Os interessados podem entrar em contato com o Hemocentro pelo e-mail plasma.hemocentro@idtech.org.br ou pelo telefone 3201-4101.

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