Governo de Goiás passa oferecer doppler transcraniano para crianças e adolescentes com anemia falciforme na rede pública de saúde

(17/06/2021) O Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES), determinou a parceria entre o Hemocentro Coordenador Estadual Prof. Nion Albernaz e o Hospital Estadual Alberto Rassi – HGG visando oferecer exames especializados para pacientes portadores de anemia falciforme, assistidos pela Hemorrede Pública de Hemoterapia e Hematologia de Goiás. Por meio de recursos de emenda parlamentar da deputada estadual Adriana Accorsi e complementados pelo Fundo Estadual de Saúde, o HGG fez a aquisição de um aparelho de doppler transcraniano que será utilizado para realização deste exame em pacientes portadores de doença falciforme e que estará disponível a partir desta sexta-feira, 18 de junho. O lançamento do novo serviço marca a celebração do Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença Falciforme, comemorado no dia 19 de junho.

Segundo a diretora-médica da Hemorrede, Alexandra Vilela, a unidade do Governo de Goiás oferece atendimento a 280 pacientes portadores de doença falciforme nos hemocentros de Goiânia e de Rio Verde, sendo: 54 pacientes de 2 a 16 anos; 209 pacientes de 17 a 59 anos; e 17 pacientes 60 a 82 anos. O atendimento dos pacientes compreende consultas multidisciplinares com médico hematologista, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, farmacêuticos e assistentes sociais, entre outros profissionais. Além disso, a rotina de tratamento desses pacientes consiste principalmente na sangria terapêutica e transfusões sanguíneas.

Alexandra explica ainda que os pacientes requerem atendimento e exames especializados e medicações de alto custo pelo programa específico do Ministério da Saúde (MS) que é distribuída na Central de Medicamentos de Alto Custo Juarez Barbosa. "O Ministério da Saúde tem um programa especializado de cuidados para portadores de doença falciforme visando o controle das complicações relacionadas à doença. Entre os exames deste programa, o doppler transcraniano é fundamental, porque é realizado em crianças de 2 a 16 anos e avalia o risco de desenvolvimento de acidente vascular encefálico, para que medidas terapêuticas controlem esta complicação potencial da doença", pontua.
De acordo com dados do Ministério da Saúde (MS), Goiás não realizou nenhum exame deste tipo em crianças e adolescentes entre 2 e 16 anos com anemia falciforme em 2018 e 2019 e fez apenas cinco em 2020, devido à falta de médicos especializados e equipamentos. Por essa razão, a SES estruturou a oferta desse serviço no HGG. “Com isso, iremos prevenir que pacientes de doença falciforme evoluam para complicações graves como o acidente vascular encefálico”, destaca o secretário de Estado da Saúde, Ismael Alexandrino.

A diretora de Enfermagem do HGG, Natálie Alves, ressalta que a implantação desse novo serviço no hospital é de grande relevância para a rede de atenção à saúde do Estado de Goiás. Serão ofertadas 20 vagas por mês ao Hemocentro e outros serviços de referência em atendimento de pacientes com doença falciforme no Estado.

“Devido à escassez de prestadores públicos para a realização dessa avaliação, que é fator determinante para o avanço da assistência dos pacientes com anemia falciforme, eles poderão ter um acompanhamento melhor, garantindo a prevenção de intercorrências ocasionadas pela doença”, complementa Natálie.

Exposição
Em alusão ao Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença Falciforme, celebrado no dia 19 de junho, o Hemocentro Coordenador apresenta uma exposição com informações sobre esse tipo de anemia e, ainda, depoimentos de pacientes atendidos na unidade. Eles contam como descobriram a doença e sua rotina de cuidados e tratamentos.

Sobre a doença
A anemia falciforme é uma doença hereditária caracterizada pela alteração em uma proteína denominada hemoglobina, que faz parte dos glóbulos vermelhos do sangue. Em condições de stress como infecções, desidratação, esforço físico esta proteína sofre uma alteração estrutural e os glóbulos vermelhos (hemácias) tornam-se parecidos com uma foice, daí o nome falciforme. Essas células com estrutura alterada geram os sintomas da doença, entre eles anemia, crises de dor óssea, infecções recorrentes e danos progressivos aos órgãos. Para que o portador da doença possa manter a doença sob controle é de fundamental importância que realize exames periodicamente e receba o tratamento para prevenção e controle das complicações potenciais.

No Brasil, os portadores de anemia falciforme representam cerca de 8% dos negros, mas devido à intensa miscigenação historicamente ocorrida no país, ela pode ser observada também em pessoas de raça branca ou parda. A detecção da doença falciforme é feita por meio do exame eletroforese de hemoglobina. O teste do pezinho, realizado gratuitamente antes do bebê receber alta da maternidade, proporciona a identificação precoce de hemoglobinopatias, como a anemia falciforme. Já o doppler transcraniano possibilita a detecção precoce de lesões cérebro-vasculares e é indicado para crianças e adolescentes com idade entre 2 e 16 anos.

Acesso à informação